Foi dado início ao projeto do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) que trabalha a cadeia produtiva do açaí em comunidade tradicional. No dia 13 de setembro, a pesquisadora extensionista Náthaly de Jesus Vieira da Vitória, especialista na produção de açaí, visitou a Comunidade Indígena na linha 26 da Terra Indígena Igarapé Lage para estabelecer os primeiros diálogos com a comunidade. Ela foi acompanhada pela equipe do Projeto Comunidades Fortes, composta pelos Professores William Kennedy do Amaral Souza, Mônica Apolinário, Marcel Emeric Bizerra Araújo, e pelas estudantes do IFRO, Larissa Gabriela da Silva Oliveira e Jackeline Martins de Lima.
A reunião, organizada pelas lideranças indígenas, teve como objetivo iniciar a construção de um plano de ação para a produção de açaí, focado no fortalecimento social e produtivo da comunidade, o objetivo é apoiar a autossuficiência econômica das comunidades indígenas.
Dentro do projeto, o envolvimento direto da comunidade indígena na criação do plano de ação é essencial, já que a autonomia da comunidade é a base para qualquer atividade. Garantir a autossuficiência é colocar os próprios indígenas no papel de protagonistas de seu desenvolvimento. É a própria comunidade que deve manifestar o desejo de adotar novas práticas, sempre respeitando os usos, costumes e tradições específicas de cada etnia. A equipe do projeto levou em consideração o modo de vida sustentável da comunidade e a importância da gestão dos recursos naturais.
A comunidade, que vive predominantemente da economia de subsistência e do trabalho familiar, demonstrou grande potencial para manejar e conservar os recursos locais. Durante o encontro, as mulheres da aldeia mostraram domínio na coleta de açaí e interesse em aprender mais sobre o beneficiamento do produto. Também relataram dificuldades, como o alto custo dos fretes e a interferência de atravessadores/intermediadores que provocam um baixo custo nos produtos e diminuem a renda da comunidade.
A aldeia da linha 26, na T.I. Igarapé Lage está localizada junto a uma estrada, habitualmente chamada de “linha”, aberta a partir da implantação de projetos de colonização. As terras da região estão divididas em lotes e recortadas por essas estradas rurais enumeradas em sequência. Deste modo, a aldeia fica próximo à linha com essa numeração, que passou a denominar o local. A aldeia é ocupada por 22 famílias e mantém relação de pertencimento com outras aldeias que compõem o território. “Na ocasião da visita técnica tivemos a oportunidade de verificar a organização de um encontro religioso entre as aldeias do povo Wari”, contam os representantes do IFRO.
Os encontros entre os indígenas do Ribeirão e do Lage são comuns, sobretudo para a realização de festas, jogos de futebol ou para a realização de encontros religiosos. As terras indígenas constituem refúgio ecológico, são ilhas de vegetação nativa preservada e cenário de (re)existência ancestral.
O Projeto Comunidades Fortes tem como objetivo apoiar e orientar as comunidades indígenas na gestão da cadeia produtiva, buscando preservar seus modos de vida e proporcionar melhores condições de subsistência e com a formação técnica o projeto oferece alternativas concretas para o desenvolvimento produtivo das comunidades. A aquisição de despolpadora de açaí, freezer para armazenamento e embaladora a vácuo, com recurso de emenda parlamentar do Senador Confúcio Moura, foram ações já concretizadas pelo Projeto Comunidades Fortes.
Na avaliação dos Coordenadores do Projeto Comunidades Fortes, o fortalecimento econômico, aliado à valorização cultural e à autonomia nas decisões, possibilita que os povos indígenas avancem rumo a um futuro em que o desenvolvimento esteja profundamente alinhado com suas tradições e necessidades.
FONTE : IFRO / RO