Forçoso é lembrar, do slogan, da campanha de 2018 do ex-presidente
Os brasileiros que optam em não reconhecer a vitória do presidente, Luís Inácio Lula da Silva (PT), no último pleito eleitoral e que, até hoje vociferam palavras ao vento, sem dúvidas, precisam passar por um choque de realidade. Eles travam uma luta sem perspectiva de vitória, pois no mundo, não há um governo legitimamente constituído que apoie uma ruptura democrática no Brasil.
Causa tristeza, o fato de pessoas dos mais variados segmentos da sociedade brasileira, estarem sendo levadas a uma crença de que podem derrubar o atual mandatário do Palácio do Planalto. Democraticamente, isso é impossível na atual conjuntura. Caso, essa previsibilidade se concretizasse, o governo autoproclamado seria ilegítimo e não sobreviveria dentro de uma bolha, sem o apoio da comunidade internacional.
Na música de Raul Seixas, Mosca na Sopa, o inseto perturba até no sono e essa é a lógica que está sendo seguida pelos insurgentes. Todavia, a máxima de que “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, neste caso, não existe a possibilidade de se concretizar. Isso, porque não tem uma tese comprovada, para que haja a anulação do escrutínio de 2022.
Chega a ser uma heresia o fato de crerem na destituição dos Poderes da República, com o objetivo de assumirem o poder e lançar os adversários para que sejam julgados por um Tribunal Militar. Seria uma série cômica e às avessas de Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll, em que se discute a lógica e os sentidos das coisas. Em um mundo civilizado, dentro do maior país da América do Sul, o ato é incabível e insustentável.
É claro que cada um é responsável por suas crenças, pensamentos e ações, mas não dá para assistir de camarote a esse cenário multiforme. O choro, a gritaria, o esperneio, as ameaças e depredações não surtem o efeito esperado. Ao contrário, muitos daqueles que se levantam contra a ordem estabelecida, posteriormente, reaparecem pedindo desculpas ou perdão pelo comportamento reprovável que cometeu.
Nos acampamentos, ora desmontados, milhares de pessoas se aglomeraram em frente aos quartéis do Exército. Havia a esperança, de que, os generais marchassem juntos com os insurgentes para a tomada do poder. Isso não aconteceu, em que pese, vários integrantes da Corporação Militar serem simpatizantes da causa. Além disso, os acampados contavam e contam com a simpatia de membros de todas as forças policiais dos entes federados.
Temia-se que, dentre os que estavam concentrados de forma aquartelada, tivessem alguns com ideias terroristas com o objetivo de estabelecer o caos. A suspeita dava-se pelos precedentes de algumas personalidades, outrora presas, a exemplo de Sara Winter, uma jovem que liderava o grupo 300 do Brasil, o qual em 2020, devido as suas atividades beligerantes foi investigado nos preceitos da Lei de Segurança Nacional.
Desde então, sinais de alertas vinham se mostrando cada vez mais evidentes, de que, em breve poderia haver um evento de grande proporção. Em dezembro de 2022, após a diplomação do presidente Luiz Inácio (Lula), a prisão de um indígena por atos antidemocráticos, imediatamente despertou a fúria dos manifestantes contrário ao petista e houve depredação em Brasília, seguida da tentativa de invasão da sede da diretoria-geral da Polícia Federal.
Antes do apagar das luzes do ano passado, enquanto, as famílias brasileiras se preparavam para o Natal, um explosivo foi encontrado em um caminhão próximo do aeroporto do coração político do Brasil. O suspeito preso possuía um arsenal de armas e alegou ser um CAC (Colecionador, Atirador e Caçador). Em depoimento, também disse, que pretendia causar a explosão para que houvesse a decretação do estado de sítio a favor do ex-presidente.
No domingo (8/1) de 2023, o que era previsível ocorreu e o ataque na sede dos Três Poderes, em Brasília, rapidamente virou notícia mundial. Das imagens e vídeos que circularam, a partir daí, uma única certeza ficou clara, a de que se existia alguma pauta reivindicatória mínima a ser considerada, ela caiu por terra. A estratégia escolhida para uma guerra que já tem vencedor, a democracia, soou como ato de desespero e um tiro na cabeça.
De imediato, a força da Lei foi exercida com a consequente decretação de centenas de prisões, inclusive a imediata retirada dos acampamentos que estivessem na frente dos quartéis. O movimento considerado “terrorista” causou, rapidamente, a união dos representantes do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF). Executivo, Legislativo e Judiciário, unidos em prol de combater toda e qualquer ameaça a boa governança.
Depois de praticamente 70 (setenta) dias, a confiança inabalável de que as Forças Armadas iriam intervir nesse processo, agora os ex-acampados a substituíram pelo sentimento de “traídos”, quando veio a ordem de desocupação das áreas militar. Por outro lado, existe uma força tarefa, para identificar os financiadores que proporcionaram o abastecimento de alimentos e bebidas durante todo o período de durou o acampamento.
Na prisão e fora dela, os insurgentes se dizem abandonados até por políticos de direita que eles ajudaram a eleger. No entanto, o fato é que os atuais e futuros parlamentares estão agindo de forma prudente, pois não querem associar a imagem deles a movimentos considerados extremistas. Essa temeridade é compreensível, isso porque, até os líderes de nações com essa linha ideológica, a exemplo de Israel, se manifestaram para reprovar a ruptura.
Teoricamente, distante desse cenário bélico, o ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), encontra-se em Orlando, Estados Unidos. Para onde foi, um dia antes do fim do mandato, mas pretende retornar até o dia 30 de janeiro. Contudo, acompanha os desdobramentos pelas redes sociais. Também conta com a fidelidade canina de seus aliados e principalmente de seus filhos, vereador Carlos, deputado Eduardo e senador Flávio, para fazer frente às suas pretensões.
Mediante os argumentos supracitados, impõem-se pensar, não nas motivações de eleitores lulistas ou bolsonaristas, mas sim, em um Governo Federal avalizado pelas urnas. Agora, o fato de contestá-las, a princípio, não tem respaldo técnico-científico. É preciso ter a clareza que os prédios públicos são tangíveis, mas nesse caso específico, o mandato eletivo é intangível. Forçoso é lembrar, do slogan, da campanha de 2018 do ex-presidente, João 8:32: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Basta, Bolsonaro perdeu.
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Autor: DAVID RODRIGUES